Esse é meu diário, vou tentar relatar fielmente meu sentimentos a fim de poder, posteriormente, eu mesma reorganizá-los!

sexta-feira, 14 de novembro de 2008

Será que eu só tenho capacidade para isso?

Já disseram para mim que só vão me pedir o que eu tenho capacidade pra fazer!
Será que alguém já pensou que eu não me enquadro nos padrões que tentaram estabelecer para mim durante minha vida inteira?
Não sei se é "tão" importante que eu digite o relatório 2007 se ninguém está interessado em saber do andamento da digitação dele, inclusive a pessoa que me pediu para digitá-lo.
Já tô cansada de dizer que eu "também posso" e "eu também consigo" ou "eu posso aprender" - dá em nada pra algumas pessoas!
Penso que é porque disseram que só vão me pedir o que eu tenho capacidade pra fazer!

A seguir vai o meu desabafo que torno público mais uma vez:
Minha entrada na prefeitura

Em 9 de novembro de 2002 fiz o concurso para secretário escolar da Prefeitura Municipal de São Leopoldo para concorrer na reserva de vagas como deficiente. Passei na colocação 143 e fui convocada já na primeira chamada! Foi uma surpresa para mim, pois estava já endividada e longe da minha família. Já me sentia meio perdida e fiquei muito mais quando o turno de trabalho (manhã e tarde) não dava pra conciliar com a segunda faculdade que eu estava cursando. Mas isto a secretária de educação atual já sabe.
Em meio aos ajustes de local de trabalho, ouvi a antiga secretária da educação dizer que “provavelmente eu seria exonerada”. Cá estou, depois de 5 anos! Estava tudo bem enquanto eu estava em desvio de função na Biblioteca Pública, eu sabia que estava lá porque me disseram que eu não tinha condições de exercer todas as atribuições de um secretário escolar.
Desde o começo, eu só quis ajudar e me sentir útil. Nem todas as pessoas conseguem perceber todo o meu potencial e percebo que estive trabalhando em algumas escolas onde o meu trabalho era relativamente reconhecido e, por um motivo ou outro, fui para outras, mas isso não quer dizer que dei “problema em todas”, como tive que ouvir recentemente. Apesar disso, aos olhos do outros, a regra é que um funcionário que muda muitas vezes de local de trabalho dá “problema” e, consequentemente, é rotulado. Assim, eu me sinto rotulada como “a problemática”, ainda mais quando tenho a impressão que no meu trabalho, as pessoas que eu mais gostaria que fossem sinceras comigo, estão de segredinhos umas com as outras. Na quinta escola do município onde fui trabalhar me disseram que ali era "minha última instância", depois disseram que apenas "reproduziram" o que uma pessoa da secretaria da educação falou.
Quando estava consultando uma lista de alunos no computador na última escola (espero que seja, definitivamente, a última escola em que trabalhei na vida, pois não fui bem aceita na função de secretária de escola), me disseram pra não tocar no computador e não mexer de jeito nenhum. Aí, eu fiquei indignada porque, além de ter uma graduação em informática (sei que, praticamente, não quer dizer nada), uma das minhas atribuições no cargo que ocupo na prefeitura é usar o computador para auxiliar no meu trabalho. Naquele momento, fiquei de cabeça quente e o secretário estava perto e me ouviu dizer que “eu só tenho uma graduação para dizer”. Aí, a diretora me chamou para dizer que o secretário achou estranho porque não sabia o que estava acontecendo, ela disse que eu o desrespeitei, que eu devia saber que eu não tinha capacidade pra algumas coisas e que na SMED estavam prontos pra assinar minha exoneração por causa dos supostos erros que (somente eu?) havia cometido. Além disso, ela já tinha me dito que qualquer coisa iria escrever uma “cartinha” para a SMED justificando o porquê eu tinha que ser exonerada.

PRECISO TRABALHAR EM ALGUM LUGAR ONDE MINHA FUNÇÃO ESTEJA BEM DEFINIDA.

Pensei comigo, já que eu não tenho ninguém a quem recorrer e, mesmo sabendo que eu tenho capacidade pra executar todas as funções de um secretário escolar, mesmo não me encaixando no critério de nenhuma diretora (penso eu que minha deficiência motora dá margem à interpretação equivocada de que minha deficiência é generalizada), me resignei e decidi deixar pra lá! Eu já tenho muitas coisas pra me preocupar: eu moro sozinha (atualmente estou acompanhada, mas nunca se sabe!), tenho que controlar meus gastos, minhas dívidas, despesas e procurar alguém pra desabafar que não pense que estou instrumentalizando alguém contra outra pessoa.
Tenho um companheiro maravilhoso e quero ter um trabalho legal pra poder chegar em casa de bem comigo e de bem com a vida pra poder encontrar minha felicidade do lado dele. Se tiver filhos não quero que eles entrem em conflito emocional como eu.
Sei que os familiares, muitas vezes, sabem mais nos amolar do que demonstrar amor! Mas tem meus colegas de trabalho, os quais, bem ou mal, fazem falta na minha vida e os quais sempre procurei, às vezes, de modo equivocado mas com boa intenção, respeitar!
Ouvi recentemente, depois de receber um trote dado por um desconhecido, do qual fiquei bem chateada, quando atendi o telefone da escola onde trabalhava por último, me perguntarem se eu não tinha dado o telefone da escola para nenhum “rolo” meu! Minha indignação foi aumentando. Inclusive, desconsiderando conselhos de pessoas amigas, cheguei a comentar fatos desagradáveis da minha vida pessoal, foi então que ouvi o infeliz comentário de que tal pessoa que me deu um calote um dia vai ter uma “filha meio... como você” acompanhado de gestos com o dedo girando ao lado da cabeça. Pra essa pessoa que fez o comentário, eu sou meio boba e eu fico mais chateada ainda. Sempre me recordo que a mesma disse um dia “não mexa no computador, eu tive muito trabalho pra fazer tal coisa e não quero que apague”. Não importa o que me fez ir para aquela escola específica, interessa que estou mais aliviada de estar ali e poder fazer outras coisas que não somente o trabalho da secretaria, sendo que já me é limitado grande parte deste trabalho.
Na escola anterior, a diretora restringia minhas funções na secretaria e eu ficava ociosa, me irritando da minha situação, me sentindo um lixo porque ela sempre dizia que eu estava ali só porque nenhuma outra escola iria me aceitar e quando eu pedia para ajudar as merendeiras a lavar a louça, ela dizia que não era minha função. Me sinto humilhada também porque onde estou dizem que é minha última instância. Se eu fiz coisas erradas, posso fazer coisas certas também, não sou mais criança e nunca tive nenhuma limitação intelectual. Inclusive, sempre fui uma aluna exemplar na época de escola e não é agora que vão me chamar na direção pra conversar sobre a conveniência de eu estar tendo a boa vontade, já que faltam pessoas na escola nova onde eu trabalhei para esta função, de estar lavando as xícaras dos professores e mantendo tudo limpo pra não ficar tudo "às moscas" (voando ao redor das coisas sujas que ninguém se importa de consertar porque isso faz alguém sofrer - não é só das xícaras que me refiro, eu mesma, recorro a coisas que tem um significado tão subjetivo que nem me dou conta que isso é oportunidade pra alcançar minha cura emocional).
Não preciso passar pela vergonha de entrar na sala da direção, fecharem a porta atrás de mim (como se eu tivesse feito algo muito grave) e, na verdade, dizerem que não querem ter que escutar muita coisa dos outros (penso que seja dos professores) porque todos os dias eu lavava as xícaras. Quero continuar fazendo esse serviço, mesmo que me peçam pra não fazer, pois para mim é uma terapia e não é transtorno nenhum. Apesar disso, dizem que estão me observando (como se, depois de 5 anos, eu ainda precisasse ser monitorada), como se insinuassem alguma má intenção nas minhas atitudes. Eu não faço o que eu faço pensando se me observam ou não. Não posso continuar pagando o psiquiatra mas estou em tratamento psicológico, mesmo sabendo que meu maior problema são as pessoas que me julgam da pior forma, por isso estou aprendendo a lidar com isso, pois em mim, enquanto pessoa, não há problema algum (é só a forma como lido com as decepções). Também não quero que a diretora ou seja lá quem for (que tem que resolver todos os problemas da escola) seja prejudicada porque eu só estou tentando ser útil para somente ajudar e não aborrecer (causar mal-estar) os outros com meu mal humor.
Estava tendo mais cuidado para não deixar a secretaria sozinha quando meus colegas tiverem que sair, como foi solicitado pela direção. Mas sinto dificuldade em seguir a orientação de não lavar as xícaras porque tenho visto que, muitas vezes é preciso buscar alguma limpa e os professores já sugeriram para a diretora que eu só buscasse o café de manhã e de tarde num horário determinado e recolhesse ao final do terceiro recreio, porém, percebo que eles determinaram um horário para que eu buscasse o café mas, muitas vezes, quando passo, por acaso, na sala dos professores, percebo que eles já buscaram a térmica do café mais cedo e só de mim é chamada a atenção para que eu espere mais alguns minutos para recolher tudo, mesmo eu estando na sala dos professores não, necessariamente, com esta intenção. Como ninguém se dispõe a lavar as xícaras continuamente, eu pensei que não haveria problema eu mesma lavá-las. Ultimamente, as mulheres que trabalham na limpeza, ficam perto daonde eu lavo as louças e ficam comentando, com se eu estivesse me colocando no lugar de vítima, como eu já ouvi em outras escolas que eu faço as coisas com este intuito, o que não é verdade. Sinto que, se não lavar, a diretora ouvirá reclamações. Assim, entendo que de qualquer jeito ela ouvirá. No final, quem vai ouvir e ser prejudicada com isso sou eu, pois não sei como agir.
Desde 2006, quando fiquei efetiva, venho tentando voltar ao desvio de função. Quando saí da Biblioteca Pública, me falaram que, se eu ficasse efetiva, poderia voltar, só que não me informaram que a Biblioteca poderia se desmembrar da Secretaria da Educação e que eu estava “presa” a uma função e a uma secretaria na prefeitura.
Por isso, escrevo esta carta, por não ter outra opção a não ser relatar tudo o que tenho passado para evitar más interpretações, se, por acaso, aparecer alguma reclamação na SMED relacionada ao meu trabalho. Este que, graças a Deus, conquistei por meus próprios méritos e, queira ou não, não posso perder de jeito nenhum, pois tenho o laudo médico que atesta que eu tenho depressão. Só peço que me deixem continuar sendo útil onde trabalho, pois o que faço não é para proveito próprio e nem para usar contra alguém, é para que, no que tiver ao meu alcance e com o conhecimento do topo da hierarquia de qualquer lugar que eu trabalhe, o local funcione adequadamente e eu não me sinta um estorvo a tal ponto, que piore meu quadro depressivo.