Esse é meu diário, vou tentar relatar fielmente meu sentimentos a fim de poder, posteriormente, eu mesma reorganizá-los!

segunda-feira, 17 de novembro de 2008

Artigos sobre Antropologia Cultural

ALMA BRASILEIRA: ENTRE PARAÍSO E INFERNO, NO PURGATÓRIO

Há um vazio na história brasileira, no seu mito e na sua fantasia por ter negado sua alma ancestral. Durante milhões de anos, as culturas que viveram no território brasileiro tiveram que resolver questões de sobrevivência, procriação, organização da vida em grupo, as regras de parentesco, etc. Enfim, criaram um estilo de vida a partir do inconsciente. Segundo a teoria psicológica de Jung, citada por Roberto Gambini, do inconsciente vem tudo o que o ser humano faz. O inconsciente é chamado alma e faz com que o ser humano permaneça vivo. Criar alma, ou seja, criar a consciência da própria identidade, é um processo de aprendizagem de como viver, que é armazenado através dos mitos passados de geração em geração.
Havia uma riqueza cultural e uma variedade de línguas muito grande nas Américas antes da invasão dos europeus, estas conservavam o que o povo foi criando e descobrindo. Estava se estruturando a formação da consciência brasileira através do inconsciente coletivo porém, não foi registrada em nenhum outro lugar, a não ser na memória do povo indígena. O problema é que a consciência da própria identidade não entrou na psicologia do povo brasileiro porque o invasor viu isto como uma ameaça à sua dominação e usou todos os meios para contê-la. As bases da consciência européia estavam no racionalismo e a consciência indígena colocava-a em risco. A alma ancestral do povo conciliava idéias opostas, o que não existia para os europeus.
As sociedades indígenas mostravam a possibilidade de existir sociedade sem dominação, sem trabalho alienado e sem divisão de classe social. Segundo Roberto Da Matta, o povo brasileiro vive entre extremos como céu e inferno. Ou seja, cada elemento carrega seu lado simbólico. Pode-se dizer que o Brasil, desde 1500, está em um purgatório no qual, até hoje, estão se eliminando as impurezas para restabelecer a saúde, mas o que realmente viveu-se é a passagem para a outra etapa, o inferno. Além de fazer uma revisão econômica e política da história do Brasil, é preciso fazer uma revisão psicológica e estudar qual é a relação existente entre solo, natureza e psique, ou seja, resgatar o que foi perdido na reflexão sobre os símbolos que fazem parte da cultura brasileira.
A consciência da alma, ou identidade brasileira, foi reprimida. Para Jung, o reprimido sempre esteve no inconsciente, ou seja, na terra, que sustenta o consciente. No ano de 1500, duas parcelas distintas e complementares da humanidade se encontraram e o processo de desenvolvimento cultural do povo brasileiro sofre uma ruptura, o que gera complexos na alma brasileira. O que estava se formando na consciência do povo passou para a obscuridade do inconsciente. Mitos sustentavam a história do povo que vivia no Brasil há 500 anos atrás. Predisposições para agir, conceber, imaginar ou sentir, foram elaboradas muito antes dos europeus chegarem às terras brasileiras, até mesmo antecede culturas e aprendizados. Através do mito o povo compreende a própria história em sua verdade, o sentido e a sua significação. O mito precisa emergir do inconsciente. Ele sempre tem uma função para a sociedade, como a de fomentar a noção de coletividade. O mito organiza os impulsos presentes em cada pessoa para que eles se complementem em um ideal de vida.
O mito retrata as origens, o percurso que algo tomou e qual é o caminho que é preciso percorrer para se chegar a um fim. É preciso que o mito da cultura brasileira comece a desenvolver-se, visto que não há como resgatá-lo, pois não fez parte das tradições dos povos indígenas. Durante 300 anos, no Brasil, não se construiu uma identidade do povo, mas marginais do processo produtivo e massa de mão-de-obra escrava. A alma do Brasil não se expressa na cultura portuguesa, na verdade, ela nunca pôde se expressar. Os brasileiros são os produtos e os herdeiros de um encontro intercultural com os portugueses. Os brasileiros e os portugueses precisam, juntos, olhar para as possibilidades do futuro para se adaptar aos novos tempos, também para resgatar a auto-estima do povo. Entre Brasil e Portugal houve uma relação de dominação, formatação e exploração, uma relação deturpada entre pai e filho. Na independência houve rompimento do filho com o pai, mas para que isso ocorresse, de começo, um devia negar o outro. Porém, chega-se um momento em que um não ignora mais o outro e começam-se a aproximar. Segundo o autor, o Brasil sofre do complexo de Édipo em relação a Portugal. Talvez fosse preciso se representar a figura da “raiz”, matá-lo para resolvê-lo.
Os mitos narram as transformações da consciência. As matrizes da consciência ocidental são o mito judaico-cristão e o mito grego. O mito brasileiro ainda não foi definido. O mito brasileiro tem que ser sincrético, pois é resultante da influência indígena, africana e portuguesa, entre outras. Assim, há dificuldade de síntese, pois tudo possui o prefixo “poli”.O perigo é que o mito não tenha forma alguma. Os brasileiros são iludidos pelo ideal positivista vindo da época do império, inclusive, através do hino nacional, a não procurar sinais na sua própria história que pudessem organizar sua consciência e construir uma identidade cultural própria através da definição do mito. O povo brasileiro é uma síntese que inclui o diferente. O valor que está no outro determina a construção de qualquer coisa. O desafio está em não fazer do diferente uma ameaça, daí a um inimigo que se elimina facilmente. Negando-se a identidade brasileira, espoliada pelo português invasor, continua-se num estado de desordem, do qual é preciso sair.

ESCOLA SUPERIOR DE TEOLOGIA
BACHARELADO EM TEOLOGIA – ÊNFASE DIACONIA
Disciplina: Antropologia Cultural
Professor: Roberto Zwetsch
Estudante: Angela Doris Bendlin
Livro: MALINOVSKI, Bronislaw. Argonautas do Pacífico Ocidental. In: Os Pensadores. São Paulo,1976, p. 22-38
São Leopoldo, agosto de 2002

Resumo

1. O que é pesquisa de campo
Os resultados de uma pesquisa de campo ou observação participante são os obtidos através da convivência com determinado grupo estudado. Devem ser apresentados de forma clara e fiel. Deve-se detalhar todos os arranjos experimentais, descrever os aparelhos utilizados, o método das observações (incluindo o número e o tempo a elas dispensado) e o grau de aproximação das medidas, bem como deve haver sinceridade metodológica.
É preciso algum tempo até que se consiga começar a desenvolver a pesquisa de campo. Depois é preciso começar a observar de modo mais detalhado o campo de estudo e estabelecer um veículo de comunicação eficaz. É preciso formular perguntas e entender respostas, bem como formular os pensamentos com precisão e coerência.
Para uma visão objetiva e científica da realidade é preciso eliminar preconceitos. A fim de que a pesquisa de campo seja eficaz é necessário a aplicação organizada e paciente de algumas regras e princípios, isto implica em esforços e problemas.
Princípios metodológicos para a pesquisa de campo: 1 – Ter objetivos científicos e conhecer os critérios para a pesquisa; 2 – Conviver com o grupo estudado; 3 – Aplicar métodos especiais de coleta, manipulação e registro.
Um dos primeiros requisitos essenciais ao êxito da pesquisa de campo é conhecer os usos e costumes do grupo em questão, interagindo com seus membros. É necessário não só observar passivamente, mas sim também agir. Conhecer critérios científicos não é a mesma coisa que ter idéias preconcebidas. A pesquisa de campo será inútil se o/a pesquisador/a for incapaz de mudar seus pontos de vista e tentar apenas provar suas hipóteses.
Os problemas e teorias levantados precisam ser moldados pelos fatos. O pesquisador de campo depende totalmente da inspiração vinda dos estudos teóricos.
2. Como se faz pesquisa de campo
Os princípios do método da pesquisa de campo são:
a. Coletar dados completos e tirar conclusões;
b. Conhecer o mecanismo social ativado e formular a tese;
c. Fazer várias tentativas práticas para comprovar a tese.
Para fazer a pesquisa de campo é necessário fazer um recenseamento genealógico de cada comunidade. É preciso analisar os dados concretos, relaciona-los entre si e colocá-los em quadros resumidos.
Os objetivos da pesquisa de campo podem se alcançados de 3 maneiras:
a. Documentação concreta e estatística;
b. Coletas de observações coletadas registradas em diários;
c. Documento contendo descrição dos fatos.

3. Quais os cuidados
O cuidado que o pesquisador de campo deve ter é o de distinguir entre as suas próprias observações diretas e as observações coletadas indiretamente. Um fenômeno é manifestado de várias formas e deve ser estudado em cada uma delas o quanto for possível, para então, ser demonstrado em forma de exemplos.
Outro cuidado a se tomar é o de não separar o estudo dos fatos sociais, regido por regras, da realidade, onde não se seguem regras fixas. Modos, comportamentos e exceções devem complementar a pesquisa de campo. Conclusões dos fatos sociais recebidas de terceiros, sem observação direta, se distanciam muito da realidade.
O que impede que a observação seja imparcial e objetiva é o intuito do pesquisador de transformar, influenciar ou usar as pessoas do grupo estudado.
Uma dificuldade relacionada à pesquisa é que a maioria das pessoas não fala o que pensa quando está se comportando conforme determinado costume herdado do meio onde vive.

4. Quais as vantagens
Fenômenos imponderáveis da vida real e comportamentos freqüentes que não podem ser registrados só em documentos, mas também observados na vida real. Os pesquisadores de campo precisam se esforçar para analisar os motivos que levam à ocorrência dos fatos, para isso necessita-se de treinamento especial.
Elementos da vida real são parte integrante da essência da vida grupal. É através deles que se formam os vínculos grupais como, por exemplo, os laços de afeição. Há dois tipos de aspectos a ser observados na pesquisa de campo: o íntimo e o legal, descritos em todos os detalhes. A subjetividade do observador interfere mais nesta mais nesta observação do que na coleta de dados.

5. Qual a tese principal do autor
O pesquisador deve estudar a totalidade dos aspectos que incidem sobre a pesquisa de campo. É preciso tomar certa distância para perceber e registrar com mais fidelidade os fatos, antes que eles se tornem familiares, mesmo sendo o critério da convivência essencial para toda pesquisa de campo. Numa escala de normalidade, é possível determinar fatos comuns e fatos que não se enquadram na ocorrência normal.

Feliz

Meu namorado não tem vergonha de mim! Ele me ama do jeito que eu sou, não olha apenas para a minha aparência física com minhas pequenas limitações!
Ele sabe que isso não é impedimento para que eu tenha uma vida legal ao lado dele!
Hoje estou feliz porque tenho uma pessoa ao meu lado com quem posso conversar sobre tudo. Combinamos que nunca mais eu ficarei triste.
Agradeço a Deus todos os dias por me dar a oportunidade de enxergar novamente a beleza da vida. Porque mesmo eu tropeçando pelo caminho, quase caindo, muitas vezes, cuido pra não me machucar porque agora tenho o Edson ao meu lado.
Antes nem dava bola, se morresse era lucro. Mas agora não!
Já tenho planos para ano que vem: casar com o Edson, dar seguimento à faculdade de Teologia e me preparar para, futuramente, entrar na UFRGS no curso de Arquivologia para ter novas perspectivas de trabalho.

sexta-feira, 14 de novembro de 2008

Será que eu só tenho capacidade para isso?

Já disseram para mim que só vão me pedir o que eu tenho capacidade pra fazer!
Será que alguém já pensou que eu não me enquadro nos padrões que tentaram estabelecer para mim durante minha vida inteira?
Não sei se é "tão" importante que eu digite o relatório 2007 se ninguém está interessado em saber do andamento da digitação dele, inclusive a pessoa que me pediu para digitá-lo.
Já tô cansada de dizer que eu "também posso" e "eu também consigo" ou "eu posso aprender" - dá em nada pra algumas pessoas!
Penso que é porque disseram que só vão me pedir o que eu tenho capacidade pra fazer!

A seguir vai o meu desabafo que torno público mais uma vez:
Minha entrada na prefeitura

Em 9 de novembro de 2002 fiz o concurso para secretário escolar da Prefeitura Municipal de São Leopoldo para concorrer na reserva de vagas como deficiente. Passei na colocação 143 e fui convocada já na primeira chamada! Foi uma surpresa para mim, pois estava já endividada e longe da minha família. Já me sentia meio perdida e fiquei muito mais quando o turno de trabalho (manhã e tarde) não dava pra conciliar com a segunda faculdade que eu estava cursando. Mas isto a secretária de educação atual já sabe.
Em meio aos ajustes de local de trabalho, ouvi a antiga secretária da educação dizer que “provavelmente eu seria exonerada”. Cá estou, depois de 5 anos! Estava tudo bem enquanto eu estava em desvio de função na Biblioteca Pública, eu sabia que estava lá porque me disseram que eu não tinha condições de exercer todas as atribuições de um secretário escolar.
Desde o começo, eu só quis ajudar e me sentir útil. Nem todas as pessoas conseguem perceber todo o meu potencial e percebo que estive trabalhando em algumas escolas onde o meu trabalho era relativamente reconhecido e, por um motivo ou outro, fui para outras, mas isso não quer dizer que dei “problema em todas”, como tive que ouvir recentemente. Apesar disso, aos olhos do outros, a regra é que um funcionário que muda muitas vezes de local de trabalho dá “problema” e, consequentemente, é rotulado. Assim, eu me sinto rotulada como “a problemática”, ainda mais quando tenho a impressão que no meu trabalho, as pessoas que eu mais gostaria que fossem sinceras comigo, estão de segredinhos umas com as outras. Na quinta escola do município onde fui trabalhar me disseram que ali era "minha última instância", depois disseram que apenas "reproduziram" o que uma pessoa da secretaria da educação falou.
Quando estava consultando uma lista de alunos no computador na última escola (espero que seja, definitivamente, a última escola em que trabalhei na vida, pois não fui bem aceita na função de secretária de escola), me disseram pra não tocar no computador e não mexer de jeito nenhum. Aí, eu fiquei indignada porque, além de ter uma graduação em informática (sei que, praticamente, não quer dizer nada), uma das minhas atribuições no cargo que ocupo na prefeitura é usar o computador para auxiliar no meu trabalho. Naquele momento, fiquei de cabeça quente e o secretário estava perto e me ouviu dizer que “eu só tenho uma graduação para dizer”. Aí, a diretora me chamou para dizer que o secretário achou estranho porque não sabia o que estava acontecendo, ela disse que eu o desrespeitei, que eu devia saber que eu não tinha capacidade pra algumas coisas e que na SMED estavam prontos pra assinar minha exoneração por causa dos supostos erros que (somente eu?) havia cometido. Além disso, ela já tinha me dito que qualquer coisa iria escrever uma “cartinha” para a SMED justificando o porquê eu tinha que ser exonerada.

PRECISO TRABALHAR EM ALGUM LUGAR ONDE MINHA FUNÇÃO ESTEJA BEM DEFINIDA.

Pensei comigo, já que eu não tenho ninguém a quem recorrer e, mesmo sabendo que eu tenho capacidade pra executar todas as funções de um secretário escolar, mesmo não me encaixando no critério de nenhuma diretora (penso eu que minha deficiência motora dá margem à interpretação equivocada de que minha deficiência é generalizada), me resignei e decidi deixar pra lá! Eu já tenho muitas coisas pra me preocupar: eu moro sozinha (atualmente estou acompanhada, mas nunca se sabe!), tenho que controlar meus gastos, minhas dívidas, despesas e procurar alguém pra desabafar que não pense que estou instrumentalizando alguém contra outra pessoa.
Tenho um companheiro maravilhoso e quero ter um trabalho legal pra poder chegar em casa de bem comigo e de bem com a vida pra poder encontrar minha felicidade do lado dele. Se tiver filhos não quero que eles entrem em conflito emocional como eu.
Sei que os familiares, muitas vezes, sabem mais nos amolar do que demonstrar amor! Mas tem meus colegas de trabalho, os quais, bem ou mal, fazem falta na minha vida e os quais sempre procurei, às vezes, de modo equivocado mas com boa intenção, respeitar!
Ouvi recentemente, depois de receber um trote dado por um desconhecido, do qual fiquei bem chateada, quando atendi o telefone da escola onde trabalhava por último, me perguntarem se eu não tinha dado o telefone da escola para nenhum “rolo” meu! Minha indignação foi aumentando. Inclusive, desconsiderando conselhos de pessoas amigas, cheguei a comentar fatos desagradáveis da minha vida pessoal, foi então que ouvi o infeliz comentário de que tal pessoa que me deu um calote um dia vai ter uma “filha meio... como você” acompanhado de gestos com o dedo girando ao lado da cabeça. Pra essa pessoa que fez o comentário, eu sou meio boba e eu fico mais chateada ainda. Sempre me recordo que a mesma disse um dia “não mexa no computador, eu tive muito trabalho pra fazer tal coisa e não quero que apague”. Não importa o que me fez ir para aquela escola específica, interessa que estou mais aliviada de estar ali e poder fazer outras coisas que não somente o trabalho da secretaria, sendo que já me é limitado grande parte deste trabalho.
Na escola anterior, a diretora restringia minhas funções na secretaria e eu ficava ociosa, me irritando da minha situação, me sentindo um lixo porque ela sempre dizia que eu estava ali só porque nenhuma outra escola iria me aceitar e quando eu pedia para ajudar as merendeiras a lavar a louça, ela dizia que não era minha função. Me sinto humilhada também porque onde estou dizem que é minha última instância. Se eu fiz coisas erradas, posso fazer coisas certas também, não sou mais criança e nunca tive nenhuma limitação intelectual. Inclusive, sempre fui uma aluna exemplar na época de escola e não é agora que vão me chamar na direção pra conversar sobre a conveniência de eu estar tendo a boa vontade, já que faltam pessoas na escola nova onde eu trabalhei para esta função, de estar lavando as xícaras dos professores e mantendo tudo limpo pra não ficar tudo "às moscas" (voando ao redor das coisas sujas que ninguém se importa de consertar porque isso faz alguém sofrer - não é só das xícaras que me refiro, eu mesma, recorro a coisas que tem um significado tão subjetivo que nem me dou conta que isso é oportunidade pra alcançar minha cura emocional).
Não preciso passar pela vergonha de entrar na sala da direção, fecharem a porta atrás de mim (como se eu tivesse feito algo muito grave) e, na verdade, dizerem que não querem ter que escutar muita coisa dos outros (penso que seja dos professores) porque todos os dias eu lavava as xícaras. Quero continuar fazendo esse serviço, mesmo que me peçam pra não fazer, pois para mim é uma terapia e não é transtorno nenhum. Apesar disso, dizem que estão me observando (como se, depois de 5 anos, eu ainda precisasse ser monitorada), como se insinuassem alguma má intenção nas minhas atitudes. Eu não faço o que eu faço pensando se me observam ou não. Não posso continuar pagando o psiquiatra mas estou em tratamento psicológico, mesmo sabendo que meu maior problema são as pessoas que me julgam da pior forma, por isso estou aprendendo a lidar com isso, pois em mim, enquanto pessoa, não há problema algum (é só a forma como lido com as decepções). Também não quero que a diretora ou seja lá quem for (que tem que resolver todos os problemas da escola) seja prejudicada porque eu só estou tentando ser útil para somente ajudar e não aborrecer (causar mal-estar) os outros com meu mal humor.
Estava tendo mais cuidado para não deixar a secretaria sozinha quando meus colegas tiverem que sair, como foi solicitado pela direção. Mas sinto dificuldade em seguir a orientação de não lavar as xícaras porque tenho visto que, muitas vezes é preciso buscar alguma limpa e os professores já sugeriram para a diretora que eu só buscasse o café de manhã e de tarde num horário determinado e recolhesse ao final do terceiro recreio, porém, percebo que eles determinaram um horário para que eu buscasse o café mas, muitas vezes, quando passo, por acaso, na sala dos professores, percebo que eles já buscaram a térmica do café mais cedo e só de mim é chamada a atenção para que eu espere mais alguns minutos para recolher tudo, mesmo eu estando na sala dos professores não, necessariamente, com esta intenção. Como ninguém se dispõe a lavar as xícaras continuamente, eu pensei que não haveria problema eu mesma lavá-las. Ultimamente, as mulheres que trabalham na limpeza, ficam perto daonde eu lavo as louças e ficam comentando, com se eu estivesse me colocando no lugar de vítima, como eu já ouvi em outras escolas que eu faço as coisas com este intuito, o que não é verdade. Sinto que, se não lavar, a diretora ouvirá reclamações. Assim, entendo que de qualquer jeito ela ouvirá. No final, quem vai ouvir e ser prejudicada com isso sou eu, pois não sei como agir.
Desde 2006, quando fiquei efetiva, venho tentando voltar ao desvio de função. Quando saí da Biblioteca Pública, me falaram que, se eu ficasse efetiva, poderia voltar, só que não me informaram que a Biblioteca poderia se desmembrar da Secretaria da Educação e que eu estava “presa” a uma função e a uma secretaria na prefeitura.
Por isso, escrevo esta carta, por não ter outra opção a não ser relatar tudo o que tenho passado para evitar más interpretações, se, por acaso, aparecer alguma reclamação na SMED relacionada ao meu trabalho. Este que, graças a Deus, conquistei por meus próprios méritos e, queira ou não, não posso perder de jeito nenhum, pois tenho o laudo médico que atesta que eu tenho depressão. Só peço que me deixem continuar sendo útil onde trabalho, pois o que faço não é para proveito próprio e nem para usar contra alguém, é para que, no que tiver ao meu alcance e com o conhecimento do topo da hierarquia de qualquer lugar que eu trabalhe, o local funcione adequadamente e eu não me sinta um estorvo a tal ponto, que piore meu quadro depressivo.

quarta-feira, 12 de novembro de 2008

Amigo é aquele que inclui

Pessoalmente, não preciso gostar de amigos secretos porque eu sinto necessidade de inclusão, não importando como vou me sentir.
Estou falando de outro tipo de inclusão.
Penso que, no trabalho (muitas vezes), ter amigos "atrapalha" o bem coletivo. Porque, no trabalho, quando se tem "amigos" e, pior ainda, "pessoais" cada um quer puxar para o seu lado.
No trabalho eu tenho, a princípio, somente colegas.
Amigos tenho pouquíssimos, por isso, não pretendo participar de "amigos" secretos no trabalho. Para mim, amigo é alguém que, incondicionalmente, está sempre pronto a me ouvir e não vê somente a minha deficiência física (como se isso fosse impedimento para eu ser uma pessoa normal ou, até mesmo, ser tratada como gente) mas me vê como uma pessoa em igualdade de oportunidades (para não recair em erro, escrevendo somente "igual") e tão capaz a qualquel outra.
http://www.brasilescola.com/educacao/inclusao-social.htm
http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=2546
http://www.mundoeducacao.com.br/educacao/o-processo-inclusao-social.htm
http://www.mct.gov.br/index.php/content/view/9639.html
http://www.ufmg.br/inclusaosocial/
http://www.bengalalegal.com/martagil.php

terça-feira, 11 de novembro de 2008

Enfrentando a lesão - transformação de culpa em libertação

Gostaria de saber desde quando começou essa discussão sobre "bullyng" porque eu, como tenho uma deficiência física decorrente de uma deficiência neurológica (hemiparesia esquerda), sempre fui desrespeitada pelos meus colegas de escola (principalmente de 1985 a 1992) e ninguém fazia nada. De certo achavam que era "coisa de criança". Mas essa "coisa de criança" me deixou com severas seqüelas emocionais na minha vida adulta. Só faltavam dizer que eu tinha que "respeitar para se respeitada".
CERTOS GRUPOS SOCIAIS TÊM A SUA DINÂMICA REGIDA POR PRESSUPOSTOS QUE, MUITAS VEZES, NÃO INCLUEM DEFICIENTES FÍSICOS.
Eu, como já era excluída na escola, achava que ninguém queria me incluir. Por isso, sempre fui uma pessoa revoltada.
Até mesmo no meu trabalho. "Professoras" são minhas colegas de trabalho e (algumas) desmerecem a minha atuação na função de secretária escolar, primeiramente, por eu ter uma deficiência. Hoje me pergunto a quem a "inclusão" interessa, para quê e que tipo de "inclusão" é essa?! Na minha época de escola tive professoras de verdade (muito melhores em todos os sentidos) que me estimularam a continuar estudando e me mostraram que eu sou capaz como TODO MUNDO COM DIREITO À IGUALDADE DE OPORTUNIDADES COMO OS DEMAIS.
Gostaria muito de saber o que é possível fazer no meu caso porque vejo colegas meus deficientes que nunca precisaram ouvir depois de uma queixa aos pais que "você deve ter feito alguma coisa para isto acontecer"! É difícil, para mim, não me sentir um lixo, não me sentir uma merda, não achar que minha vida é uma merda e achar que a culpada nisso tudo não sou eu!
Por que será que fui infeliz até aqui?!

http://reapnimprensa.blogspot.com/2008/04/alunos-com-deficincias-so-vtimas.html

http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-294X2007000100007&lng=e&nrm=iso&tlng=e

http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0104-80232007000100003&script=sci_arttext

sábado, 8 de novembro de 2008

Profissão de Secretária Escolar

Eu sei que, infelizmente, o sentimento de sobra nesta profissão que ocupo é marcante. Não tanto devido a minha pessoa, mas aos demais que substimam minha capacidade. Por isso, depois desses 5 anos nessa função, quero me especializar em uma tarefa que eu sei que executo muito bem, graças a Deus, pra ter meu trabalho realmente reconhecido quando eu me formar em Arquivologia, fazer um concurso pra essa área, passar e trabalhar em um lugar que enxerguem em mim não apenas minha deficiência física (me reduzindo a ela), mas minhas capacidades!